A vida sem instagram e um pouco de escrita com a Terra
Estou há cinco dias sem instagram. Sem entrar nenhuma vezinha mesmo. A ideia é ficar 30, mas como não sei se será possível, estou contando isso só para vocês. Por falar em vocês, peço desculpas por aqueles que adicionei manualmente aqui para receberem esta newsletter (fiquem a vontade para se retirarem). “Vocês” são amigos com quem já troquei as cartas livres por e-mail ou qualquer outro tipo de comunicação que tenha me tocado. A verdade é que o que mais sinto falta das redes é sentir que posso falar e que tem alguém ouvindo. E aí vem a explicação do porquê decidi dar esse tempo (talvez temporário, talvez definitivo): posso até ser ouvida, mas não como eu gostaria.
Todos os dias quando abro (abria) meu instagram, me sentia num mar de informações maravilhosas (afinal, eu seleciono cuidadosamente quem vou seguir), porém, MUITAS informações. Tantas que eu não dou conta de absorver nem 10% do que leio. Imagino que vocês se sintam assim também. Eu estava ficando pesada, sobrecarregada e sem tempo para consumir de outras fontes. Além disso, comecei a me questionar se eu deveria contribuir para essa poluição com os meus posts. Eu ainda não tenho respostas para nada disso. Isso porque decidi me afastar para fazer esse mergulho e ver o que faz sentido para mim.
Não sei se vocês conhecem a Teoria U, mas é uma metodologia para lidarmos com as transições, seja entre sistemas, modelos ou ciclos de vida. Primeiro, há uma descida de reconhecimento da situação atual. Depois um estado de presença naquilo que emerge e aí vem a subida do U com a energia de algo novo surgindo. Para vocês visualizarem, segue uma imagem. Com esta saída, me sinto lá embaixo, entre o deixar ir e o e perguntar “quem sou e quem quero ser nas redes sociais?”. Não vou me estender muito sobre isso, mas se quiserem trocar sobre o assunto, vou amar ouvi-los, especialmente aqui, onde sinto que as minhas reflexões podem ser elas mesmas, sem estarem condicionadas a algoritmos e curtidas.
Além disso, estar fora das redes me devolveu tempo, presença e atenção. Tenho me sentido muito mais conectada com meu entorno e com as tarefas diárias. Daí, a escrita emerge de forma mais fluida e instintiva. Hoje, sentindo o que significa isso de escrita da natureza, me veio:
Para escrever sobre a natureza, preciso me desfazer de quem inventei para mim
Mente e escrita selvagem não combinam
O que combina com palavras descontroladas é entrega, libertação e gozo
Ela me chama e eu atendo. Ela me diz para deitar no chão e eu desabraço meus medos, deixando-os ali mesmo. Ela me conta histórias tão extraordinárias que tenho orgasmos ao traduzi-las para a língua de bicho gente
Agora mesmo, o vento balança meus cabelos e sussurra: se lembra que gente é só um nome para cérebros sustentados por corpos feitos de rio, montanhas e barro.
Com amor,
Talissa Monteiro